Fé e Cultura
"Acolhei o que é débil na fé, não,
porém, para discutir opiniões."
- Paulo. (ROMANOS, 14:1.)
Indubitavelmente, nem sempre a fé acompanha a expansão da cultura,
tanto quanto nem sempre a cultura consegue altear-se ao nível da fé.
Um cérebro vigoroso pode elevar-se a prodígios de cálculo ou
destacar-se nos mais entranhados campos da emoção, portas adentro
dos valores artísticos, sem entender bagatela de resistência moral
diante da tentação ou do sofrimento. De análogo modo, um coração
fervoroso é suscetível das mais nobres demonstrações de heroísmo
perante a dor ou da mais alta reação contra o mal, patenteando
manifesta incapacidade para aceitar os imperativos da perquirição
ou dos requisitos do progresso.
A Ciência investiga.
A Religião crê.
Se não é justo que a Ciência imponha diretrizes à Religião, incompatíveis
com as suas necessidades do sentimento, não é razoável
que a Religião obrigue a Ciência à adoção de normas inconciliáveis
com as suas exigências do raciocínio.
*
Equilíbrio ser-nos-á o clima de entendimento, em todos os
assuntos que se relacionem à Fé e à Cultura, ou estaremos sempre
ameaçados pelo deserto da descrença ou pelo charco do fanatismo.
*
Auxiliemo-nos mutuamente.
Na sementeira da fé, aprendamos a ouvir com serenidade para
falar com acerto.
*
Diz o Apóstolo Paulo: "Acolhei o que é débil na fé, não, porém,
para discutir opiniões". É que para chegar à cultura, filha do trabalho
e da verdade, o homem é naturalmente compelido a indagar,
examinar, experimentar e teorizar, mas, para atingir a fé viva, filha
da compreensão e do amor, é forçoso servir. E servir é fazer luz.
XAVIER, Francisco Cândido. Ceifa de Luz. Pelo Espírito Emmanuel. FEB. Capítulo 38.