Tesouros

A única propriedade real na vida é aquela dos bens ou dos males que incorporamos à própria alma.

Dos bens que constroem o paraíso da consciência feliz e dos males que levantam o purgatório do coração que escolhe os espinheiros do remorso por recursos de pavimentação do próprio caminho.

Não te agarres, aos patrimônios terrestres de que te fazes o usufrutuário provisório, a fim de que aprendas no serviço e na caridade a buscar, em teu benefício, a riqueza incorrutível da luz.

Basta um leve olhar ao pretérito para que reconheças a insânia de quantos passaram no mundo, antes de ti, senhoreando as bênçãos do solo e devorando o suor dos semelhantes, como se o tempo e o espaço lhes pertencessem.

Os museus jazem repletos das baixelas preciosas de quantos se supuseram senhores exclusivos do pão, das armas fidalgas de quantos zombaram dos direitos do próximo e da indumentária brilhante daqueles que transformaram o domínio indébito em sua feroz paixão.

Adelos e numismatas retém consigo os remanescentes de todos os que monopolizaram a roupa devida aos nus e as moedas surrupiadas à fome e ao remédio dos infelizes...

Coleções de cinzas douradas guardam a usura e a vaidade, a mentira da bolsa estéril e o engano cruel da posse inútil.

Aproveita, desse modo, a tua hora no corpo denso e faze circular os valores da bondade no vintém que possa nutrir a paz e o reconforto, imprescindíveis ao companheiro da retaguarda, com aflições maiores que as tuas.

Recorda que se o onzenário e o egoísta retiram o azinhavre e a solidão da sombra a que se afeiçoam, a alma fraterna e amiga extrai a esperança e a paz da claridade que veicula.

A cobiça ajunta a prata e o ouro da Terra como quem amontoa pedras incendiadas sobre a própria cabeça, mas a fé que se consagra a Jesus, em se devotando à alegria e à felicidade dos outros, amealha para si mesma, hoje e sempre, os tesouros imperecíveis do Céu.

O que mais sofremos no mundo -
Não é a velhice do corpo.
É a paixão pelas aparências.

Albino Teixeira

Pelo Espírito Emmanuel

XAVIER, Francisco Cândido. Fonte de Paz. Espíritos Diversos. IDE. Capítulo 22.